sexta-feira, 29 de junho de 2007

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Reage, Brasil! PEDRO SIMON

Reage, Brasil! PEDRO SIMON

Não creio que as mudanças venham de dentro para fora. Daí a conclamação. Que o povo brasileiro ocupe as ruas e exija mudanças de atitude

EU TIVE o cuidado, nesses dias, de reler os meus pronunciamentos, nos últimos 15 anos, sobre corrupção e desvios de recursos públicos. Fiquei, primeiramente, impressionado com a quantidade. Mas o que mais me impressionou nessa minha volta a um passado não tão recente é a atualidade de todos os meus discursos. Eu poderia escolher, aleatoriamente, qualquer um deles e repeti-lo, hoje. Mudaria o nome da operação da Polícia Federal ou o da CPI. O dos atores envolvidos, nem sempre.
Imagine a implantação, como eu defendi, já em 1995, da chamada CPI dos Corruptores. Na verdade, ela se confundia com uma CPI das Empreiteiras, tão reclamada agora. A comissão morreu no nascedouro, pela falta de vontade dos partidos e dos líderes partidários de investigar os desvios que, já então, povoavam a imprensa. Se ela se concretizasse, não haveria hoje, quem sabe, necessidade da Operação Navalha, nem da Xeque-Mate, nem das outras operações e CPIs anteriores, como a dos Sanguessugas, a das Ambulâncias, a do Mensalão, a dos Correios, a Furacão, a Gafanhoto, a Matusalém, a Anaconda e tantas outras, com suas respectivas e criativas nomenclaturas.

Não sei quantas operações ainda virão. Nem como se chamarão. Nem quantas CPIs ainda se instalarão. Nem como se comportarão. Espero que não se esgote a criatividade da PF. Nem as minhas esperanças.

Não tenho nenhuma expectativa de que as mudanças que a população tanto reclama, em termos de valores e referências, venha a ser concretizada de dentro para fora. As últimas pesquisas de opinião pública dão conta de que essa mesma população também não acredita mais nas suas instituições públicas. É que nunca, em nenhum momento da nossa história política, os três Poderes da República estiveram tão contaminados pela corrupção. Há um poder paralelo, que se entranha no Congresso, no Executivo e no Judiciário, que faz com que as instituições públicas percam a legitimidade diante da sociedade civil.
É por isso que, apesar das nossas melhores intenções, não há que esperar, a partir do Executivo, do Legislativo e do Judiciário, pelo menos no curto prazo, as mudanças políticas, obviamente no espaço democrático, que a sociedade tanto reclama.
Ocorre que a realidade brasileira, hoje, tamanha a barbárie, não pode esperar mudanças além do curto prazo. E, aí, há que ter uma imensa mobilização de fora para dentro.
É preciso que o povo seja, de fato, senhor da história. Sujeito, e não objeto. É preciso que a sociedade brasileira volte a exercitar a força das ruas.
Um movimento, que poderia orientar-se sob o lema "Reage, Brasil". Ora, um país com tantas e tamanhas riquezas como o nosso não pode permanecer mergulhado na barbárie.
Não pode conviver com a corrupção, com a miséria e a pobreza, com a violência, com o analfabetismo e com tão precárias condições de vida.
Por isso, a conclamação. Que a população brasileira ocupe, de novo, de maneira pacífica e democrática, as ruas e exija mudanças de atitude dos gestores da coisa pública, em todos os níveis. Que reclame por uma reforma política que legitime, verdadeiramente, as suas instituições democráticas.
Que imponha o término da corrupção. Que obrigue o fim da impunidade, principalmente para quem se locupleta com o sagrado dinheiro público. Que reconstrua um Estado em novas bases, verdadeiramente voltado para a democracia, a soberania e a cidadania. E que as leis busquem, de fato, o interesse coletivo, e não a sanha perversa de alguns. E que todos sejam iguais perante a lei, como determina a nossa Constituição Federal.

Ainda está presente na nossa memória o movimento das Diretas-Já, que marcou um dos momentos mais sublimes da nossa história e deu suporte para a abertura política e o resgate das liberdades democráticas.
Quem não se lembra dos jovens caras-pintadas, movimento que também ocupou as ruas de todo o país na luta contra a corrupção? Quem não se lembra de tantos outros momentos em que a sociedade ditou, verdadeiramente, os melhores rumos para a construção da história do país?
É hora de a sociedade organizada reagir. A partir dos movimentos das igrejas, das escolas, das famílias, dos sindicatos, das organizações de classe. Reagir, em todos os sentidos da palavra e da ação: de demonstrar reação, de protestar, de se opor, de lutar, de resistir. De agir, de novo.
A decência vai aonde o povo está.

PEDRO SIMON , 77, advogado, é senador da República pelo PMDB-RS. Foi líder do governo no Senado Federal (governo Itamar Franco), governador do Rio Grande do Sul (1987-91) e ministro da Agricultura (governo Sarney).

Resposta ao missivista

Ontem à noite, minha enteada reparou ter recebido um pedido seu para ser adicionado a sua página do Orkut. Será que foi por estar na faixa etária que mais se interessa em atender? De quem afirma que o casarão da praça Oliveira Botelho foi derrubado pelas torrenciais chuvas que arrasaram Petrópolis e Friburgo, posso esperar de um tudo, menos que a conheça ou que tenha algo muito importante para lhe dizer. Quais seriam os motivos que o levam a pedir para participar do site de minha enteada? Agora, aproveito a oportunidade para convidá-lo a visitar meu site www.saboia.net onde apresento 45 vídeos produzidos de fevereiro atá hoje. Como o assunto é cultura, quero deixar bem claro que para mim, a cultura oficial não é a representação da cultura popular e que tendo oportunidade de escolher, vou ao Canecão mas não vou a um show na FUNARTE. Os espetáculos oficiais são muito chatos. Desculpe mas não posso mentir para mim mesmo. Macaco velho não põe a mão em cumbuca. Como não estou na faixa etária alvo do presidente da FCCMM, será muito difícil me encontrar numa manifestação cultural oficial deste ou de quaisquer municípios. Não existe almoço de graça. Palavras como excludente e pedidos por cartas de quem seria contra o seu projeto, não me pegam mais. Só quero mesmo saber em que minha enteada o interessou a ponto de lhe pedir que fosse adicionado em sua página do Orkut. Neste caso, a chuva, tenho certeza que não foi.