terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Cel. Esteves - LUZ QUE NÃO SE APAGA - 1924 - 2009 - ResendeTV
No início dos anos 70, passei no vestibular da Faculdade de Ciências Econômicas Dom Bosco. No trote, rasparam minha cabeça e nosso grupo lavou a escadaria da Matriz. Entre os calouros estavam o Eduardo Ribas e o André Margulies. O Eduardo, filho de Julio Bozzano, sócio de Mario Henrique Simonsen no banco e o André, filho do prof Marcos Margulies, judeu polonês que passou por campos de concentração e, na época, professor de português da PUC, falava nove idiomas e também fazia o programa Mundo em Guerra na TV Globo. Meu pai era do ramo de seguros e eu escolhera estudar economia e me preparar para trabalhar com ele. Em nossa aula inaugural, tivemos a honra da presença do Ministro Simonsen para uma palestra e isso muito alegrou o Cel Esteves. Conto a passagem para dizer que tivemos, os três alunos do Rio de Janeiro, a simpatia do coronel e logo no início de nossas atividades universitárias nos aproximamos do diretor e criador da faculdade!
Na época, havia uma rivalidade entre a rapaziada e os cedetes. Cheguei a presenciar até bombas de fumaça arremessadas por eles na Praça Oliveira Botelho. Curioso, nesse dia, queimei a mão ao tentar pegar um desses artefatos. Numa madrugada, na Boite CP, leia-se Carlos Pinto, houve uma briga generalizada entre cadetes e estudantes da faculdade, tinha sido algo como um paquerou a namorada do outro... Aí, chegou a PE e acabamos indo para a delegacia que ficava onde está hoje a sede da Fundação Casa da Cultura Macedo Miranda. Não tive dúvidas, pedi licença e liguei para o Coronel Esteves que foi ao meu auxílio. Estava apavorado e o Coronel Esteves me salvou!!!
Para quem não sabe, a faculdade começou no Colégio Dom Bosco, no Manejo e a obra próxima do Campo de Aviação era um sonho. A praça Oliveira Botelho era uma festa. A doceira do Joãozinho e o Bar da Dôdo eram os principais pontos de reunião da cidade. À noite, era a Boite CP que dominava a cena.
Hoje, dia em que se despede da vida, lembro-me da última vez que estivemos juntos no dia do lançamento do livro escrito por Virgínia Calaes. Já limitado pela doença, quando levei o exemplar para autografá-lo, o Coronel me olhou e seus olhos se encheram de lágrimas, os meus também e assim, ele com toda a dificuldade, assinou o livro. Estou certo que não se emocionou por mim, mas por lembrar de um tempo que com muita luta, fundou o que hoje é a Associação Educacional Dom Bosco, a primeira instituição civil de ensino superior em Resende.
Aqui, em sua homenagem, publico fotos importantes de sua carreira, que tive a liberdade de copiar do livro escrito por Virgínia Calaes. O Cadete, o Oficial, o Bacharel em Economia e, para me localizar no tempo, a foto de minha carteirinha de estudante da faculdade que até hoje guardo com orgulho e alegria. Deus está vendo e tenho a certeza de que agora, o Coronel Esteves junto a Ele, também olha por nós.
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Um comentário:
Linda homenagem João Saboia!
Recordar faz bem á alma.
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